sexta-feira, 8 de outubro de 2010

como o aquecimento global pode afetar a sua vida

A 15ª Conferência das Partes, da ONU, vai reunir os negociadores de cada país membro da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças do Clima, para a definição de um acordo global que controle as mudanças climáticas e garanta a sobrevivência desta e das gerações futuras. Tudo isso parece muito distante de sua vida diária? Pois saiba que as decisões tomadas em Copenhague podem afetar, e muito, o cotidiano de cada um de nós.
De 7 a 18 de dezembro, os 193 países membros da UNFCCC – Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima estarão reunidos em Copenhague, capital da Dinamarca, para chegar a um acordo climático global com medidas que impeçam que a temperatura do planeta suba mais do que 2º C – em relação ao período pré-Revolução Industrial – até o final do século.
À primeira impressão, essas decisões parecem atingir apenas os governos e as grandes corporações, mas os impactos não param por aí. Quando questionados sobre que mudanças a COP-15 traria para a vida de cada um de nós, vários especialistas hesitavam em responder – pouca gente está pensando na esfera individual – mas, assim que começavam a falar, as conexões iam se tornando óbvias. O acordo climático global pode afetar diretamente o nosso estilo de vida, o modo como consumimos, a maneira como fazemos uso da energia e dos meios de transporte e, em última instância, a nossa própria sobrevivência.
“Copenhague é uma oportunidade de trazermos mais racionalidade para nossas vidas”, diz o economista Ladislau Dowbor, professor da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo e conselheiro do Planeta Sustentável. “Por meio de um acordo internacional, seremos obrigados a reduzir nossas emissões de gases de efeito estufa e, por isso, teremos que repensar o modo como organizamos os ciclos produtivos e o consumo domiciliar. Mas isso depende, em grande parte, da conscientização das populações, porque não é só por lei que as coisas se transformam”, alerta.
“Poucas pessoas fazem uma relação direta entre o alimento que colocam na mesa, por exemplo, e o aquecimento do planeta, mas, ela existe e cada um de nós vai ter que aprender a verificar sua pegada de carbono e a repensar seus hábitos de vida. Copenhague vai provocar essa discussão em larga escala”, defende Emília Queiroga, vice-presidente da ONG State of the World Forum.
A escritora, co-fundadora do Palas Athena e conselheira do Planeta Sustentável, Lia Diskin, diz que ainda estamos na busca de mecanismos que nos permitam dar continuidade ao estilo de vida que já temos, o que considera um grande equívoco. “Esse modo de vida é insustentável e, me atrevo a dizer, indecente! Eu me recuso a pertencer à parcela de vinte por cento da população que está consumindo oitenta por cento dos recursos do planeta”.
Para o presidente do Instituto Ethos, Ricardo Young, que também é conselheiro do Planeta Sustentável, o impacto pós-Copenhague para nossas vidas será enorme. Ele acredita na taxação de atividades e produtos em função da quantidade de gases de efeito estufa emitidos. “A tendência é que todas as questões ligadas ao carbono sejam objeto de regulação, o que vai desde o lixo até o consumo de bens duráveis, incluindo suas cadeias de valor”.
Para atender às metas e compromissos de redução de emissões, vamos precisar de novas tecnologias que facilitem o uso de fontes renováveis de energia, aumentem a eficiência energética, tragam soluções para os meios de transporte que vão além dos combustíveis fósseis e até aproveitem melhor os recursos da floresta. “Com isso, aumentam os investimentos nessas áreas, inclusive com incentivos no setor de educação, o que possibilita a criação de novos profissionais nesses campos e gera oportunidades de inserção em novos mercados, como o de energias renováveis, que cresce entre 30% e 40% ao ano”, observa João Talochi, representante do Greenpeace.
É de se esperar que, daqui para frente, especialmente se as exigências do acordo de Copenhague forem rígidas, surjam novas profissões no mercado e a valorização de novos talentos que possibilitem a aceleração de uma economia de baixo carbono e pequeno impacto ambiental.
Tasso Azevedo, assessor especial do Ministério do Meio Ambiente para assuntos de floresta e clima, ainda afirma que o Brasil é um dos países que mais pode vislumbrar oportunidades no processo de redução de emissões. Entre elas está o desenvolvimento de energias limpas e tecnologias diferenciadas e a geração de novos empregos.
Agora, saiba como sua vida pode mudar, setor por setor, dependendo do que for decidido na COP-15. O que dá para adiantar é que, para que seja feita a redução de emissões de carbono, evidentemente, será preciso contar com a consciência individual e coletiva, mas não se iluda: as medidas vão mexer no bolso de muita gente.

Novos meios de transporte para reduzir emissões

Para diminuir a quantidade de carbono que lançamos na atmosfera, será preciso repensar a maneira como nos locomovemos e o tipo de combustível que utilizamos em nossos veículos. Esse será um dos focos de atenção dos países que estiverem preocupados em reduzir emissões após o acordo climático de Copenhague
Mais energia limpa, menos carbono
Taxação do petróleo e seus derivados, incentivos para o uso de fontes renováveis de energia e até para a geração de fontes antes desconhecidas, como o bagaço de cana e o lixo urbano, são assuntos que farão parte das discussões da 15ª Conferência das Partes, da ONU, em Copenhague, e que podem mudar o cenário energético do mundo
Produzir e comprar em função do carbono
Dependendo do que for acordado em Copenhague, as cadeias produtivas deverão reduzir suas emissões de carbono. Até porque, é bem possível que os produtos sejam taxados em função da quantidade de gases de efeito estufa que emitem. O consumidor será o responsável por fazer que isso realmente aconteça, por meio do seu poder de escolha
Dinheiro para quem não cortar árvores
O pagamento por serviços ambientais prestados é um dos mecanismos que podem ajudar a controlar o aquecimento global. O tema será amplamente debatido em Copenhague e muitos brasileiros podem ser beneficiados com a medida, não apenas com recursos financeiros, mas com a abertura para novos tipos de atividades econômicas na floresta
O dilema dos pobres na redução de emissões
Em países ricos e em desenvolvimento, há pessoas que vivem com menos de um dólar por dia e não têm condições de reduzir emissões e arcar com a conta do aquecimento global. A 15ª Conferência das Partes, da ONU, em Copenhague, no final do ano, também vai precisar discutir essa questão
Um novo ideal para as gerações atuais
Independente do que for decidido em Copenhague, serão os indivíduos os responsáveis pela construção de novos valores e hábitos de vida que podem garantir a sobrevivência humana no planeta por mais tempo, além de estilos de vida mentalmente mais saudáveis. As ONGs e a mídia terão um papel importante nessa transformação

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